Você já se pegou repetindo padrões emocionais — como se estivesse preso a uma sensação familiar de raiva, tristeza ou frustração? E mesmo reconhecendo que aquele estado te faz mal, algo dentro de você parece buscar, inconscientemente, experiências semelhantes?
A explicação pode estar no funcionamento do nosso cérebro e nos “vícios emocionais” que construímos ao longo da vida.
A química por trás das emoções
Nosso cérebro não processa o mundo de forma neutra. Tudo o que vivenciamos passa por um filtro emocional — que é moldado por experiências passadas. Cada lembrança, ideia ou pensamento está conectado a uma resposta emocional, como se fosse parte de uma teia complexa chamada rede neural.
Quando pensamos, sentimos. E quando sentimos, produzimos química. Emoções como raiva, medo, tristeza ou alegria são acompanhadas por moléculas específicas, como peptídeos e neuro-hormônios, produzidos principalmente pelo hipotálamo. Esses químicos viajam pelo corpo e se conectam a receptores nas células, influenciando diretamente o nosso estado físico e mental.
Como se forma um vício emocional?
Da mesma forma que o uso repetido de uma substância pode criar um vício, a repetição contínua de certos padrões emocionais fortalece conexões cerebrais, criando verdadeiras rotas preferenciais no nosso cérebro.
Se todos os dias nos colocamos no lugar de vítimas, nutrimos ressentimentos ou alimentamos o medo, reforçamos quimicamente esse estado, e o corpo passa a “desejar” mais do mesmo.
O mais surpreendente: as células do nosso corpo se adaptam àquela emoção como se ela fosse uma necessidade. Assim como alguém pode se viciar em uma droga, nós podemos nos viciar em emoções negativas. É por isso que, muitas vezes, mesmo quando a realidade muda, seguimos reagindo como se estivéssemos no passado.
O impacto nas nossas escolhas e relações
Esse ciclo pode nos manter emocionalmente desconectados, repetindo decisões baseadas em dores antigas, crenças limitantes e emoções que já não fazem mais sentido — mas que o corpo insiste em buscar.
Estamos vivendo como se hoje fosse ontem, carregando os mesmos filtros emocionais para interpretar uma realidade nova.
É possível romper esse ciclo?
Sim. A boa notícia é que o cérebro é plástico: ele muda com novas experiências, novas escolhas e novos pensamentos.
Ao mudar os pensamentos, transformamos as ideias.
Mudando as ideias, transformamos nossas escolhas.
Mudando as escolhas, alteramos os resultados.
É um processo de consciência, prática e intencionalidade.
Ao reconhecer os padrões emocionais que nos dominam e criar novos caminhos, podemos construir uma nova identidade emocional — mais conectada com o presente e com o que realmente queremos viver.