Mari Martins
Ao se falar do exercício do papel de gestor de pessoas, para muitos, automaticamente, vem-se a ideia de que este precisa ser hábil em ter e dar respostas aos questionamentos da equipe.
Essa postura pode estimular uma relação de dependência – “eu não sei e preciso perguntar/eu sei, preciso ter respostas e devo responder”.
Quando isso é trazido à tona em conversas de desenvolvimento, o executivo se dá conta do quanto este comportamento já se tornou um hábito e das consequências dele.
Mudar o script de responder para perguntar, não necessariamente contribui, pois muitas das perguntas levam a respostas vagas ou a outras dúvidas; perguntas fechadas que levam à resposta do tipo sim ou não, não permitem a reflexão ampla da situação/problema para a obtenção da resolução do problema ou conclusão satisfatória.
Fazer perguntas é uma arte. Para se extrair boas respostas é necessária a efetivação de perguntas impactantes e abertas que devolvam reflexões inteligentes e solução das questões em foco.
Perguntas poderosas são questões simples e objetivas. Começar com: ‘o que’, ‘como’, ‘quando’, ‘onde’, ‘quanto’ (evitar ‘por que’).
Veja abaixo alguns exemplos:
- Quais caminhos você tem?
- O que você fará de diferente, da próxima vez?
- Que outras coisas você poderia ter feito, para aumentar as chances de atingir o resultado?
- Como você pode contribuir para […]?
- O que o impede de […]?
- O que você ganharia/perderia fazendo isso?
- Que resultados você conseguirá com esta ação?
- Se pudesse escolher o que faria?
- E se isso não funcionar, o que fará?
Existem inúmeras respostas, percepções, estratégias, recursos e habilidades nem imaginadas que habitam dentro do ser humano, somente à espera de serem recrutadas. Muitas vezes, o outro sequer sabe disso. Estimular, desafiar, confiar e apoiar é papel do gestor que deseja uma equipe ousada, autônoma e responsável.
É muito comum, quando se está consciente da importância de mudar este script, a necessidade de ser um comportamento premeditado, pois há o risco do caminho mais curto, dar a resposta ou solução. À medida que o gestor percebe a capacidade da equipe e o quanto ele pode se dedicar a outras coisa, ativa-se um circulo virtuoso (pergunta – tempo para pensar – resposta) de autonomia, autoconfiança e adequação de papéis – cada um fica responsável pela sua parte.
Hoje as organizações buscam profissionais que saibam transmitir claramente as metas e conduzir a equipe aos resultados positivos, extraindo o melhor de cada colaborador. Isso só é possível, se todos no jogo, estiverem contribuindo efetivamente.