Comunicar é mais do que emitir palavras. É criar pontes, gerar entendimento, influenciar realidades. E, como revela a antiga parábola do sultão e os sábios, a forma como uma mensagem é transmitida pode mudar completamente sua recepção — e suas consequências.
No conto, dois sábios interpretam exatamente o mesmo sonho: a perda dos dentes do sultão. O primeiro traz a verdade de maneira crua, o que ofende o soberano. Já o segundo, com sabedoria, comunica a mesma realidade de maneira positiva e respeitosa, ganhando uma recompensa. O ensinamento é simples, mas profundo: a verdade pode — e deve — ser dita, mas a forma como ela é expressa define o impacto que ela terá.
Comunicação e seus ruídos: o que impede a clareza?
Nas organizações, o impacto de uma comunicação mal conduzida é ainda mais sensível. Mesmo com toda a tecnologia e diversidade de canais disponíveis, a comunicação ainda é um dos maiores desafios internos. Estima-se que 80% dos problemas corporativos são causados por falhas na comunicação (Machado, 2008).
Esses ruídos — obstáculos que distorcem ou bloqueiam o entendimento — podem ser causados por diversos fatores:
- Ambientes ruidosos, com excesso de estímulos e interrupções;
- Falta de atenção do receptor, que está ocupado ou disperso;
- Linguagem inadequada, com jargões ou termos técnicos que não fazem parte do repertório do outro;
- Foco desalinhado, com temas irrelevantes para aquele público.
Essas barreiras não apenas dificultam a troca de informações, mas geram retrabalho, desmotivação, conflitos e até perda de clientes. Afinal, se o colaborador não entende com clareza o que deve fazer, como poderá entregar um bom atendimento ao cliente final?
Comunicação estratégica: um investimento, não um custo
Diante de tantos riscos, empresas que desejam crescer de forma sustentável estão aprendendo uma lição valiosa: a comunicação interna não é um detalhe operacional, mas um pilar estratégico.
Cada público — interno ou externo — exige uma abordagem específica. Por isso, organizações maduras investem em:
- Mapeamento de perfis de públicos e personalização de mensagens;
- Programas de relacionamento e canais claros de feedback;
- Treinamentos em comunicação assertiva e empática;
- Valorização da cultura organizacional, que influencia o tom, os valores e os objetivos das mensagens.
Mais do que transmitir ordens ou dar recados, comunicar é alinhar, engajar, inspirar.
A comunicação que transforma
Voltando à história do sultão, é possível dizer que aquele segundo sábio tinha algo raro: o dom da comunicação não violenta e eficaz. Ele entendeu que, mesmo ao falar de perdas, poderia fazer isso com respeito, sensibilidade e inteligência emocional.
É esse tipo de comunicação que transforma ambientes de trabalho, melhora relações, fortalece culturas organizacionais e gera resultados.
Porque comunicar bem não é apenas dizer o que precisa ser dito.
É saber como, quando e para quem dizer — e ter consciência do impacto que isso pode causar.