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Locus de Controle: A Chave para assumir responsabilidade e alcançar o sucesso

Exemplo visual de Locus de Controle

“TU TE TORNAS ETERNAMENTE RESPONSÁVEL POR AQUILO QUE CATIVAS” 

(Antoine de Saint-Exupéry) 

Você assume a responsabilidade pelos seus atos? Ou costuma procurar justificativas em ações externas para o que deu errado? 

Há um conceito muito popular na psicologia chamado Locus de Controle. O psicólogo americano Julian B. Rotter fez um estudo em 1954 que identificou como as pessoas tendiam a ter um locus de controle externo ou interno. Na grande maioria das vezes não nos damos conta de como estamos agindo. Por que você foi demitido? Por que a empresa faliu? O relacionamento acabou por qual razão? Por que meu colega foi promovido e eu não? Normalmente, nas justificativas que damos nunca somo os culpados pelo que não aconteceu como gostaríamos.  Raramente as pessoas assumem sua parcela de responsabilidade. 

Locus, em latim, significa lugar. Em que lugar é colocada a responsabilidade pelo que acontece? As pessoas com locus de controle externo tem mais facilidade para identificar e falar dos fatores que afetam o resultado, seja positivo ou negativo. Já quem tem locus de controle interno se dá conta também do externo, mas faz uma análise sobre o que é responsabilidade dela naquele resultado. Quem se enquadra nesse segundo grupo tem mais probabilidade de atingir as metas, mais capacidade de realização e ter sucesso. 

Isso acontece por algumas razões.

Quem faz uma autocrítica – sincera! – tem sempre um aprendizado. Pode errar em outras coisas, mas a tendência é de que não repita aquilo que já foi aprendido. Sabe que não é onipotente, que o resultado pode não ser exatamente como o esperado, mas assume sua responsabilidade e procura alternativas para resolver o que depende dele. 

Agora quem tem sempre uma justificativa que não tem nada a ver com ele próprio, “a culpa é do mundo e é o mundo que precisa mudar” tende a aprender menos. Nesse caso, quem não assume a responsabilidade pelas suas próprias ações acredita que as coisas só irão mudar se o outro mudar, tem uma percepção distorcida da realidade, se sente impotente, pois a potência está fora. Fazendo uma relação direta com as posições existenciais, se coloca como menos mais. Com essa postura pessimista não busca alternativas e desiste fácil ao se deparar com obstáculos. 

No mundo corporativo, o profissional com locus externo é aquele que sempre chega atrasado e culpa o trânsito, a chuva, o excesso de faróis vermelhos, a falta de vagas no estacionamento. Mas não considera que se tivesse saído com uma antecedência maior, se programado para aquele momento, provavelmente teria chegado a tempo. O profissional com essa característica gasta muita energia arrumando justificativas nos fatores que não consegue alterar ao invés de refletir sobre o que pode fazer para melhorar. 

David McClelland, considerado um dos psicólogos mais importantes do século passado, conduziu uma pesquisa que apontou que 92% da população mundial é locus externo. Você se identificou com alguma das situações relatadas? Quem nunca colocou a culpa no trânsito ao chegar atrasado em um compromisso?

Reflita sobre suas atitudes de hoje e faça uma avaliação sobre as justificativas sobre seus erros e acertos. Que tal? 

A explicação sobre essa maioria esmagadora é relativamente simples. É mais fácil ser assim, pois preservamos nossa autoestima. E as pessoas com locus interno não se sentem culpadas? Ao levar a responsabilidade para si não podem se sentir muito sobrecarregadas. A verdade é que elas não fazem a autocrítica como uma forma de punição, assumindo um papel de vítima, mas sim para se fortalecerem e serem cada vez mais potentes, analisando o que pode ser melhorado e como.  

A dica fundamental é prestar atenção nas atitudes do dia a dia, nas pequenas tarefas e refletir sobre como está agindo. É realmente difícil frearmos o primeiro impulso de transferir para outro a responsabilidade. É quase um reflexo. Mas passado esse primeiro momento, podemos – e devemos – refletir: o que eu fiz ou deixei de fazer para isso acontecer? O que eu posso fazer de diferente para mudar o resultado? 

Ao nos questionarmos tanto quando deu certo como quando deu errado, podemos tirar aprendizados e fazer diferente em uma próxima oportunidade. Se estiver no meio de um processo então, ainda dá tempo de perceber que não terá sucesso esperado e ainda dá tempo de mudar. 

Mas antes de fazer as perguntas, é essencial aprender a nos perdoarmos e anular o sentimento de culpa para poder pensar com mais tranquilidade. “Eu fiz o melhor que eu podia naquela situação. Dentro do repertório que eu tinha naquele momento fiz o melhor. A partir dessa conclusão, o que posso fazer de diferente?” É importante lembrar que mesmo fazendo todas as análises, assumindo as responsabilidades nem sempre teremos sucesso. Aumentam as chances consideravelmente, mas os fatores externos sempre vão existir.  

A percepção de que pode ser mais potente – e não onipotente – transforma a relação que temos com o mundo. Como gestor, o profissional se empodera, acredita em sua capacidade de influenciar os colaboradores e de que vai dar conta dos desafios propostos. Depois de ter se fortalecido, o próximo passo é incentivá-los a também trabalharem essa competência, pois caso contrário irão direcionar a responsabilidade de todas as tarefas para ele próprio, além de continuar com a postura de culpar eventos externos por não atingirem as metas estabelecidas. A sugestão é promover conversas com a equipe sobre essa teoria e sugerir que trabalhem com o locus interno, refletindo a auxiliando uns aos outros na construção dessa cultura dentro da área. 

Vale refletir também sobre a cultura geral da empresa.

A companhia incentiva qual locus? Como é a relação entre as áreas? É conflituosa com uma culpando a outra, um ambiente com troca de acusações ou é colaborativo com a divisão das responsabilidades e o incentivo a cooperação? Uma empresa com locus externo como um todo não se reinventa, é pouco aberta a mudanças e sofre mais com as crises de mercado. 

Por fim, deixo aqui um convite. Costumamos “operar” no modo automático e se não tentarmos mudar deliberadamente dificilmente isso vai acontecer. Por isso, na próxima vez que algo não sair como o previsto ou então que você tenha uma grande conquista reflita sobre quais foram suas responsabilidades e o que poderá fazer diferente da próxima vez.  

Imagem: Envato Elements

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