Uma resenha do livro “A coragem de ser imperfeito” por Mari Martins
Uma das principais queixas que frequentemente ecoam entre os gestores em processos de desenvolvimento, quer seja a nível individual ou em grupo, é o peso da falha e o desconforto que ela traz consigo. A dor de não ter as respostas prontas para as perguntas, a ânsia de fornecer soluções instantâneas, a frustração ao não atingir os objetivos meticulosamente estabelecidos ou a crença de que devem enfrentar todos os desafios sozinhos. Essa angústia se estende para o sentimento de culpa que emerge diante do fracasso, uma responsabilidade internalizada que se traduz em autocrítica e na exigência excessiva de si próprios. Toda essa narrativa dolorosa está intrinsecamente relacionada com o tema da vulnerabilidade, um conceito que merece uma análise mais aprofundada.
Recentemente, durante uma colaboração com um grupo de profissionais jovens e talentosos, surgiu uma reflexão instigante. Eles compartilharam que, ao ingressarem na empresa, sentiram a necessidade de adotar uma espécie de “máscara de super-heróis” ou “super-heroínas”. Nesse contexto, o medo de serem eles mesmos e de expressarem suas vulnerabilidades se tornou uma barreira constante.
Isso nos leva a questionar: de onde provém essa dificuldade em abraçar e expressar algo que é intrínseco à natureza humana?
Certamente, podemos explorar diversas raízes dessa questão, e uma delas emerge como particularmente razoável: erros, fracassos, dúvidas e todos os elementos associados à vulnerabilidade frequentemente se tornam personalizados. Em outras palavras, esses aspectos são rotulados como demonstrações de fraqueza e incompetência, tornando-se um peso a ser carregado.
Lembra-se de uma ocasião em que uma equipe de gerentes compartilhou uma experiência valiosa: eles souberam que o diretor estava enfrentando um problema grave. Inicialmente, ele optou pelo isolamento e levou um tempo considerável para envolver a equipe. No entanto, quando finalmente ocorreu essa conexão e compartilhamento, foi possível apoiá-lo e dividir o peso da situação. Isso resultou em uma solução mais ágil e eficaz.
Na prática, o ato de compartilhar a vulnerabilidade desencadeou uma reação que proporcionou uma proteção genuína, fortalecendo os laços entre as pessoas. Além disso, essa abertura gerou soluções mais criativas, enriquecendo o grupo em termos de afeto e eficiência.
É inegável que para essa dinâmica ser bem-sucedida, é necessário que exista uma base sólida de confiança, envolvimento, respeito e uma compreensão profunda dos limites individuais.
Brené Brown, em um estudo que demandou mais de uma década de pesquisa aprofundada, chegou à conclusão da importância crítica de reconhecermos e expressarmos nossa vulnerabilidade de maneira autêntica. Essa atitude se revela fundamental para nossa proteção, o estabelecimento de vínculos autênticos, o cultivo da empatia e o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis, tanto no ambiente organizacional quanto na vida pessoal. Em última análise, essa prática nos permite viver de forma mais plena e, paradoxalmente, fortalece ainda mais a coragem das pessoas. A vulnerabilidade, assim, se ergue como a grande ousadia da vida.
A reflexão sobre a vulnerabilidade nos oferece uma perspectiva essencial para o crescimento pessoal e profissional. Ela nos recorda que, ao aceitar nossas imperfeições, não apenas nos conectamos mais profundamente com os outros, mas também fortalecemos nossa própria resiliência e coragem. A jornada da vida é intrinsecamente ligada a momentos de incerteza, e é por meio da vulnerabilidade que encontramos a força para enfrentá-los de frente, abraçando a nossa humanidade com ousadia e autenticidade.
A vulnerabilidade é a grande ousadia a vida.
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